sexta-feira, 20 de abril de 2007

Microevangelho


Atribuir significados às palavras na vida cristã parece ser um dos maiores desafios a serem superados nesses nossos dias. Eu explico:
Bradamos, cantamos a Deus que abrimos mão de nossas vidas, das riquezas e de outras tantas coisas tão “macros”, que essas frases ficam vazias de sentido nos micromomentos de nossas vidas.
Lendo os evangelhos, percebo Jesus muito mais voltado para esses significados micros, mas cheios de sentido, e, por isso, praticáveis. A viúva pobre não teve que abrir mão das riquezas, a mulher adúltera não morreu em Cristo, mas achou nEle vida, entre outros.
Mas, para mim, o maior exemplo disso é o sermão do monte. “Ama os que são diferentes de ti, perdoa os que te incomodam,busca renúncias internas e não externas, não rejeita teu irmão, busque a sinceridade e não a aparência, etc”. É verdade que não estão escritos dessa forma, mas resumidos assim. Conselhos simples, mas profundos demais. Que só estão no campo do conhecimento do espírito do homem e do Espírito de Deus, mas que enchem o evangelho de significado, beleza e praticidade.
Todavia, são micros. Às vezes, sua aplicação requer um arrependimento e renúncia tão profundos, que, por não apresentar possibilidade para fingimento, chega a ser dolorosa (acho que a maioria nem se permite passar por isso). Muitas vezes, pra não dizer sempre, o processo de mudança requer tempo, principalmente tempo com aquele que sonda nosso interior, regado por íntima confiança de que Ele completará o que começou.
E com esses micromomentos, de aceitação do outro, de traição, de perdão, de amor, de raiva, de indignação, de mágoa e de outros tantos sentimentos e pensamentos que preenchem os nossos dias, somos transformados, de glória em glória, na imagem dAquele que nos salvou.
Assim sendo, os macromomentos se tornam, se é que eles existem, meras conseqüências de uma microvida vivida em Cristo Jesus.

Lissidna
25/03/2006

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